Está com dúvida sobre como investir em um novo negócio?

Estudar o mercado é um dos caminhos para entender onde, como e quando apostar em um novo empreendimento!

Avaliação
5.0

Publicado em 15/05/2019 | Atualizado em 09/02/2021

Imagem do Topo
Mulher no balcão de uma loja

A vida empresarial não é uma linha reta. Além dos altos e baixos da empresa que construímos, ainda existe o vai-e-vem do mercado, fator externo que quase nunca podemos controlar. Por causa dele, muitas vezes, precisamos revisitar as prioridades e os motivos pelos quais empreendemos. Não raro, muitos encontram, como saída para a crise ou para a falta de lucro, o rumo dos novos negócios. 

​Embora lidar com empresas demande determinação, dedicação e esforço, às vezes vale a pena mudar de ares para encontrar-se novamente com a estabilidade financeira. Quando tudo precisa ser recomeçado do zero, o empresário tem que estar disposto a passar pelo reinvestimento e se reciclar como gestor. É indispensável, afinal, saber o que não deu certo da primeira vez e retomar as rédeas de qualquer situação que tenha causado o insucesso ou desgaste da tentativa anterior, para que isso não seja levado como espólio para a segunda chance.
 

Essa lógica também vale para quando o empreendedor quer diversificar
os ramos de atuação dentro de um negócio pré-existente ou
tocar duas ou mais empresas ao mesmo tempo.


Seja como for, lembre-se que, a partir do momento em que a possibilidade de uma segunda empresa desponta no horizonte, é necessário manter a mente aberta, os estudos em dia e a paciência de sempre, pois alguns passos burocráticos deverão ser reiniciados com a mudança de rumos.

Sendo assim, compartilhe informações, busque novos conhecimentos, fique de olho nas inovações do mercado em que você deseja recomeçar e, acima de tudo, foque seus esforços em buscar novas tendências e oportunidades de negócio. Esses são os primeiros passos para empreender, mais uma vez, com a energia e alinhamento que uma nova empresa merece.  

Você vai encontrar aqui

Como saber se é a hora de mudar meu ramo de negócio?
Como identificar tendências de mercado?
Como ter ideias de empresas criativas?
Quais as providências legais para fazer uma mudança de negócio?
Como alterar meu CNAE
Dicas para definir um novo segmento de atuação 

 

Como saber se é a hora de mudar meu ramo de negócio?

Muitos são os fatores que podem levar o empreendedor a repensar seu ramo de atuação. Alguns deles respondem ao viés mercadológico enquanto outros serão vistos pela ótica emocional. Não gostar mais do que se faz, não ver propósito nas atividades ou se desgastar tanto com a rotina de um serviço que torne o empreendedor infeliz são algumas das razões pessoais para que alguém reflita sobre se chegou ou não a hora de mudar de ares.
 

Do ponto de vista comercial e mercadológico, podem ocorrer fatores como o desaquecimento do mercado habitual, a extinção de um modelo de negócios, de produtos ou serviços ou a demanda tão discreta pelo que se faz que manter a empresa do jeito que está torna-se mais caro do que continuar com as atividades.


Os exemplos que ilustram essas variáveis são muitos. Para citar alguns, temos, como desaquecimento do mercado, o setor taxista, que viu a competição aumentar muito depois dos aplicativos de carona; para a extinção de negócios, produtos ou serviços, podemos citar as fábricas de máquinas de escrever, que já não mais existem; e, no quesito das demandas discretas, podemos prever que em breve se tornará onerosa a indústria do plástico para alguns produtos, em especial para os canudos, já que a sociedade empreende a mudança de hábitos que visa a diminuição desse consumo.

Todos esses micro, pequenos ou grandes empresários, em algum momento, precisam parar para rever algo em suas iniciativas. Se há baixa procura, deve-se investir em inovação de marketing, para aumentá-la novamente, ou pode-se nortear os esforços para outras finalidades. O que vai dizer qual é a opção assertiva é o próprio mercado, que vai dar sinais claros do que é necessário fazer.

Pense, novamente, das fábricas de máquinas de escrever: se a Olivetti, maior marca desse produto, não tivesse percebido os rumos que o computador trariam à rotina pessoal e de trabalho das pessoas, e resolvesse se agarrar ao negócio das máquinas de escrever, hoje não existiria mais. Mas, ao contrário disso, a indústria se adaptou e começou a distribuir peças para computadores e impressoras, dentre outros artefatos muito usados, enquanto suas máquinas de escrever podem valer fortunas em leilões de antiguidade.

Lojista sorrindo

É crucial que o empreendedor tenha o tino para entender a baixa procura e saber se é um caso de mudança de atividades dentro da própria empresa ou uma mudança geral do modelo de negócios. Caso esteja claro que não existe a menor possibilidade de continuar empreendendo dentro do ramo atual, por qualquer razão que seja, o melhor é revisitar o mercado e entender como é possível se locomover dentro dele.

Um caso interessante de investimento em novos mercados é o da empresa brasileira Samba Tech, que foi criada em 2007 para atender à distribuição de jogos de celular. Ao perceber que o negócio não o daria escala a longo prazo, seu fundador, Gustavo Caetano, resolveu mudar completamente a natureza de atuação da empresa, criando uma plataforma de gestão de vídeos online. Atualmente, essa é uma das maiores empresas de tecnologia do Brasil, reconhecida mundialmente.

Como identificar tendências de mercado?

A única forma possível de identificar tendências de mercado é estudar o mercado, ver o que está acontecendo e onde o empreendedor pode se encaixar. Aí, resta a escolha: apostar em mercados já conhecidos ou explorar possibilidades que ainda não são tão populares.

O primeiro grupo oferece mais conforto, pois já vem com o estudo de demanda, mas também pode trazer alta concorrência, já estabelecida, e preços antecipadamente convencionados.

Se você quer empreender em uma rede de fast foods de lanches com batata e refrigerante, por exemplo, e se estabelecer em um shopping, sabe que não poderá cobrar acima de R$50 por uma refeição completa, já que seus principais concorrentes estabeleceram, anteriormente, a média de preços.

Contudo, se estiver no segundo grupo, o das tendências pouco exploradas, o modelo de negócios deve ser bem estabelecido, o mercado, avidamente estudado, mas a concorrência é baixa, e os preços podem ser convencionados a partir da sua iniciativa. Em comparação com o exemplo anterior, se, ao invés de uma franquia de fast food, você quer abrir um restaurante de experiências, onde a pessoa monta o próprio sanduíche ou tem ele feito na própria mesa, pode estar criando um novo nicho, despertando a novidade e, claro, cobrando a mais por isso.

Boa parte dos empreendedores de segunda viagem escolhe a descoberta de novos nichos, que são pouco explorados, pois é lá que podem surgir as grandes oportunidades. É preciso ter cautela para não ser seduzido pelo canto da sereia do retorno fácil, mensagem que pode ser passada pelo público ou outros empreendedores. Assim, ao desvendar um novo nicho, o empreendedor precisa estar ciente de sua administração. 
 

Qualquer nova iniciativa deve ser pensada e estruturada com cuidado,
para que a inovação se transforme em lucro, e não em prejuízo.


Para saber onde moram as novidades em que você pode empreender, faça pesquisas, vá a campo, converse com as pessoas e entenda o que elas querem, de verdade. Ouvir o público é a primeira e melhor forma de validar um produto ou serviço. Não se esqueça que, para as novas gerações, praticidade, facilidade e qualidade de vida são as palavras de ordem. Qualquer solução, para ser inovadora, deve responder a pelo menos um desses três itens.

Como ter ideias de empresas criativas?

Quem nunca sonhou em fundar a empresa milionária, que o tornaria rico da noite para o dia? Embora a cultura das startups tenda a fazer pensar que a área da tecnologia é onde “nascem os unicórnios”, para usar o jargão da própria comunidade sobre empresas bilionárias, o dinheiro não mora apenas nos empreendimentos que propõem uma inovação radical.

A melhor opção para o empreendedor pode não ser uma empresa com potencial para ser milionária – mas, para o que espera o mercado, ela precisamente será criativa.

Empresas criativas surgem com soluções interessantes para os problemas comuns, e podem ser a segunda chance de lucro com que muitos empresários sonham. Contudo, não adianta ter só uma boa ideia de empresa: ela tem que ser executável para ser considerada uma boa opção. E a criatividade, nesse caso, não diz respeito apenas ao dom de inovar, à arte de ser criativo: é um exercício empresarial para que se possa descobrir novas maneiras de fazer velhas coisas.

Para ser criativo, ninguém precisa tentar reinventar a roda; às vezes, trata-se apenas de propor um novo conceito de como ela pode girar. Para ter boas ideias de empresas, não existe fórmula mágica – mas existe, sim, uma rotina criativa. 

Se você pensa em inventar novas e interessantes possibilidades, adote essas atitudes no seu dia a dia:

 •   Anote todas as ideias que você tiver, e não descarte nenhuma;

 •   Para isso, ande sempre com um caderninho na bolsa ou bolso, já que as melhores ideias podem surgir em momentos inesperados, e você não pode estar desprevenido;

 •   Não pense nas soluções primeiro: pense nos problemas que podem ser resolvidos. Muitas vezes, o empreendedor encontra a solução para um problema que,talvez, não exista de fato. Essa é a receita para o fracasso empresarial;

 •   Leve sua ideia para a conversa com uma ou mais pessoas, de preferência que façam parte do seu público-alvo;

 •   Ouça o que essas pessoas tem a dizer sobre o que você pensou. Não deixe que o ego empreendedor te deixe míope para questões como propósito, usabilidade, possibilidade de pagamento e real demanda do que você pretende criar;

 •   Nem sempre a primeira ideia será a ideia final. Portanto, não descarte as possibilidades, e não se apegue em nenhuma em específico, até que ela esteja devidamente validada.

Quais as providências legais para fazer uma mudança de negócio?

Se, ao final dos seus estudos de tendências de mercado e novas ideias, você descobrir que o que quer, mesmo, é mudar completamente os rumos da sua empresa, é preciso entender que a decisão levará a algumas adaptações internas. Primeiro, se há pessoal envolvido, eles precisam ser avisados com antecedência dos novos planos, principalmente para saber quem continua se encaixando nas etapas do novo serviço.

Segundo, há uma série de questões burocráticas que devem ser levadas em consideração – como, por exemplo, a mudança do ramo de atividade no contrato social da empresa, no que tange ao objeto social. Além disso, a Junta Comercial em que sua empresa foi registrada precisa estar ciente de todas as mudanças, pois é ela quem vai fazer a averbação das alterações de contrato.
 

Muitas vezes, ao comunicar uma mudança de rota, a empresa também
desfaz sociedade. Se esse for o caso, os documentos relevantes
ao estatuto social da empresa também devem estar em mãos
antes de qualquer alteração.


Todos os órgãos aos quais sua empresa tem vínculo precisam ser informados das alterações, para que ela não seja considerada um empreendimento com atividades irregulares. As que vão possuir atividades com contribuições ao ICMS depois das mudanças devem se enquadrar corretamente na Secretaria da Fazenda de seu estado e comunicar à prefeitura as mudanças, principalmente se a empresa – anterior ou nova – tiver e/ou precisar de um alvará de funcionamento.

É interessante, também, conversar sobre as mudanças de rumo empresariais com o escritório de contabilidade responsável pela transição da empresa, pois algumas obrigações tributárias podem mudar com a nova escolha.

Um exemplo é quando a nova atividade não permite mais à empresa a utilização do Simples Nacional. Se nova tributação não for estabelecida, ela pode cair na malha fina e ter de responder a irregularidades fiscais, com risco de multa e interdição do novo negócio.

Como alterar meu CNAE

Quando uma empresa muda de rota, é preciso, também, alterar seu CNAE, ou Classificação Nacional das Atividades Econômicas, uma vez que é através dessa definição que a empresa começa a ser tributada.

Para fazer a alteração é indicado que o empreendedor busque a ajuda de um contador, visto que o processo pode ser burocrático e moroso. Nele, os órgãos públicos precisam avaliar o novo cenário solicitado pela empresa, ver se ele se opõe ao CNAE anterior e afirmar se as consequências fiscais serão as mesmas ou se precisarão ser alteradas.

Não raro, essa mudança não é benéfica ao quadro de pagamento de impostos do empreendedor. Dependendo da mudança pretendida, a carga tributária aumenta, e a empresa perde o acesso a créditos fiscais, além de ter de lidar com novas obrigações e investimentos, como contratação de pessoal ou aquisição de novos equipamentos.

O primeiro passo para alteração do CNAE é verificar se a nova atividade econômica pretendida é permitida onde a empresa vai atuar. Os outros passos são:

 •   Organizar o contrato social de acordo com a nova atividade, adequando seu objetivo;

 •   Registrar as alterações nos órgãos reguladores da atividade, quando necessário, e das empresas, incluindo a Junta Comercial;

 •   Solicitar nova revisão do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária, quando for procedente;

 •   Alterar o cadastro da empresa na Prefeitura, com o registro da nova atividade, para garantir a atualização de seu alvará de funcionamento.

Dicas para definir um novo segmento de atuação

Como dissemos anteriormente, é fundamental que o empreendedor consiga estudar as tendências de mercado para conseguir visualizar oportunidades reais de empreendimentos lucrativos. Sem esse cuidado, ele corre o risco de pular entre iniciativas e não conseguir se firmar em uma possibilidade sólida, que consiga manter a estrutura e, preferencialmente, dar lucro.

Antes de passar por todo o processo burocrático da mudança de empresa, ou mudança de atividade da empresa atual, reflita se as seguintes perguntas foram respondidas por seu novo modelo de negócios:
 

  •    O que as pessoas realmente precisam?
  •    O que elas vão pagar para ter?
  •    Como minha empresa pode atuar dentro dessa necessidade?
  •    Qual é a forma de gerar lucro dentro dela?
  •    Quais são meus principais fornecedores?
  •    Quais são meus parceiros-chave?
  •    Qual é o meu público?


No início desse artigo, convencionamos que existem as razões mercadológicas e as pessoais para que a atuação empresarial seja completa. As perguntas acima dizem respeito aos motivos de mercado. Portanto, não se esqueça, também, de ter as claras as respostas das perguntas pessoais:
 

  •    Eu gosto desse segmento de atuação?
  •    Qual é o meu propósito ao investir tempo e dinheiro nesse segmento?
  •    O que eu, realmente, gostaria de fazer, em termos empresariais?
  •    Tenho talento ou as habilidades necessárias para gerenciá-lo?
  •    Me vejo atuando nesse ramo por um bom tempo?


Quando todas essas perguntas forem respondidas, você terá o que é preciso para definir seu novo segmento de atuação. Para isso, pesquise bastante, cheque as oportunidades, tenha critérios de escolha, converse com o público e, se estiver frente a uma demanda nova, ou a um pedido inovador do público, arrisque-se.

O Sebrae está aqui para te ajudar a garantir que essa mudança de rota tenha potencial para ser um atalho no seu caminho até o sucesso.